Para ilustrar a questão, analisemos uma pequena história. Na década de 30, na Inglaterra, Briony é uma garota de 13 anos que quer ser escritora. Um belo dia, ela vê sua irmã mais velha, Cecilia, com o filho da empregada, Robin, junto a uma fonte. Levada por sua fértil imaginação, Briony interpreta a cena como um incidente de assédio. Pouco depois, ela acaba lendo uma carta de Robin destinada a Cecilia. Finalmente, a garota presencia outra cena entre os dois na biblioteca, apenas para concluir que o rapaz é de fato um pervertido sexual.
Quando, naquela mesma noite, um crime acontece na propriedade da família de Briony, ela não tem dúvidas sobre o culpado. Robin é acusado e preso, deixando para trás os planos de se formar em medicina e também o amor que acabava de descobrir com Cecilia. Ela é a única a defender a inocência dele, e se afasta de Briony para o resto da vida. Enquanto isso, Robin é enviado para lutar na 2a Guerra Mundial.
Muitos anos depois, já velha, Briony se torna uma escritora bem sucedida, mas sofre de uma doença terminal. Ela acaba de finalizar o livro Atonement (em português, Reparação), no qual reconhece seu comportamento leviano, que destruiu as vidas de tantas pessoas, e tenta reparar os erros cometidos na juventude. No entanto, considerando toda a infelicidade causada, não será tarde demais para isso?
Essa é a trama de Atonement, romance do autor britânico Ian McEwan, que aborda de maneira envolvente as relações familiares, o tempo, o remorso, a culpa. O livro ganhou uma belíssima versão para o cinema em 2007, produzida pela Universal Pictures e sob a direção de Joe Wright, com Keira Knightley e James McAvoy nos papéis de Cecília e Robin. Desejo e Reparação / Atonement foi indicado ao Oscar de Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Figurino, Cinematografia, Direção de Arte e Atriz Coadjuvante (a jovem Saoirse Ronan), e venceu na categoria de Trilha Sonora Original (pelo impecável trabalho de Dario Marianelli).
A moral da história, se é que existe, fica a cargo do espectador (ou leitor). Mesmo não sendo esse o objetivo de ambas as obras, talvez se possa aproveitar um pouco delas para nossas resoluções de ano novo. A primeira, diz respeito a uma pergunta: de que adianta chorar por aquilo que não se pode mais mudar? A segunda, uma simples conclusão: ao invés de nos esforçarmos para reparar os erros passados, quem sabe seja interessante, antes de cometê-los, avaliar nossas ações no presente. Não significa que acertaremos sempre, mas certamente pode ser um bom começo.

Muito bom amiga, isso é que acontece com a maioria de nós seres humanos...estamos aqui para errar e para reparar, o problema é que somos tardios em corrigir e é ai que está o X da questião...gostei viu...agora corrija o meu portugués..rsrsrsrsr
ResponderExcluirbesos amiga
Pastor