quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Esfriando os ânimos

A temperatura aumenta. Ao ar livre, o sol se prepara para tostar quem sob ele se arrisca. Em locais fechados, a sensação é de uma sauna indesejada. Suamos e nos abanamos, reclamando do calor infernal. Saudosos, lembramos do inverno, esquecendo que no frio as reclamações eram bem parecidas - só que ao contrário.
Esse cenário poderia simplesmente ilustrar o verão que abrasa a maioria das cidades brasileiras, mas também trouxe à tona uma trilogia que - se difere um pouco dos outros filmes desta coluna - tem pelo menos um mérito: amenizar o calor com uma dose de bom humor. A animação A Era do Gelo / Ice Age, foi produzida pela Blue Sky Studios em 2002 e co-dirigida por Chris Wedge e Carlos Saldanha. Seguindo essa bem sucedida fórmula, o brasileiro Saldanha deu continuidade à série, com o segundo filme (Ice Age - The Meltdown), lançado em 2006, e o terceiro (Ice Age - Dawn of the Dinosaurs), exibido nos cinemas há poucos meses, inclusive na versão 3D.
Boa parte da popularidade do filme e de suas continuações se deve à identificação do público com os personagens, um grupo de animais cujas aventuras se passam no período glacial: o mamute Manny, a preguiça Sid, o tigre dente-de-sabre Diego e o esquilo Scrat (que começa como um mero coadjuvante, mas acaba roubando a cena com sua famosa e sempre engraçada obsessão por nozes).
O primeiro A Era do Gelo fala sobre a difícil arte de estabelecer laços. Numa jornada para longe das geleiras, em busca de climas mais amenos, Manny conhece Sid e acaba ganhando um inconveniente companheiro. Durante a viagem, eles resgatam um bebê humano e resolvem devolver a criança à sua tribo. Diego se junta aos dois e consequentemente também é envolvido pelos objetivos heróicos de Manny e Sid. Lutando contra os perigos das terras geladas que atravessam, esses incomuns amigos descobrem, em seus próprios relacionamentos, conflitos que no fundo são bem piores do que a mudança climática.
O segundo filme aborda a fase do degelo. Prontos para uma nova vida, imagina-se que de fartura, os três companheiros se deparam com mais problemas, entre eles o fato de que aparentemente Manny está fadado à solidão: não existem mamutes fêmeas sobreviventes. Ou talvez até exista uma, o que seria ótimo se ela não se pensasse ser um gambá. Além disso, a água descongelada dos oceanos ameaça invadir o vale onde vivem nossos heróis, que embarcam em uma missão para salvar sua comunidade.
O terceiro e mais recente filme trata das complicações que surgem para Manny durante a ansiosa espera por seu primeiro filho. Sid e Diego, sentindo-se deslocados no antes tão natural grupinho de amigos, começam a desejar suas próprias realizações, principalmente suas próprias famílias. Nessa busca, desbravando terras desconhecidas, eles se deparam com novos inimigos: os dinossauros.
Apesar de algumas criticadas incorreções históricas, do apelo a um ou outro clichê (como o paquiderme “durão” e a preguiça “burrinha”, mas de bom coração), e de seguir nos três filmes a mesma receita de trama simples para agradar a uma maioria não muito exigente, A Era do Gelo é certamente uma trilogia bem intencionada. O coração sai aquecido por um tipo de diversão despretensiosa que valoriza aspectos positivos do comportamento humano, refletidos nas atitudes dos animais/personagens. De quebra, o corpo se esquece do clima tão quente que arde lá fora. Rir pra esquecer. Não é para isso que servem as comédias desta vida?

2 comentários:

  1. Ka... nem preciso dizer q esse é um dos meus textinhos favoritos (i love when you use your sense of humour) And I love Ice Age as well, it is great to laugh in times of trouble. Kisses kisses, Karinha

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