Com a direção de Darren Aronofsky, o filme foi produzido pela Warner Bros. Pictures e lançado em 2006. De uma forma anticonvencional, propositalmente desconstruindo a linearidade do tempo, a narrativa percorre um período de mais de mil anos para contar três histórias paralelas, todas elas envolvendo o mesmo casal, interpretado por Hugh Jackman e Rachel Weisz.
No tempo presente, Tom e Izzi enfrentam um problema: ela está morrendo. Ele, médico, busca desesperadamente a cura para o tumor dela. Corre contra o relógio, perdendo minutos preciosos da companhia de seu amor, para no fim perder também essa luta. Seu oponente é imbatível. Mesmo que Tom não desista, que não aceite a derrota iminente, é tudo em vão. Ainda assim, conseguiria ele viver com a idéia de não ter feito todo o seu possível para salvar Izzi?
Ela, temerosa mas progressivamente resignada, enfrenta outra luta: fazê-lo entender. Nesse ponto entra uma das tramas que ocorrem paralelamente, só que no tempo passado. Izzi escreve e vive uma história em que a rainha da Espanha, vendo seu território ameaçado por reinos vizinhos, envia um conquistador à ainda selvagem América Central em busca da “árvore da vida”, que possibilitaria a salvação espanhola das mãos de seus opressores.
Essa árvore extraordinária é a mesma que acompanha a jornada de um outro personagem, muitos anos depois, num futuro indefinido. Flutuando em uma bolha no espaço rumo a uma estrela que morre aos poucos dentro de uma nebulosa, o misterioso homem revive suas lembranças e sofrimentos, numa jornada de autodescobrimento e iluminação. O viajante busca, através do tempo, um reencontro com sua amada, junto de quem pretende viver eternamente.
O sonho de viver para sempre é tentador. A ideia da morte como uma doença, para a qual supostamente haveria uma cura, é enganosa. A falta de limites, a infinidade de qualquer coisa – mesmo que essa “coisa” seja a vida – vem sempre carregada de perigos. Aronofsky já havia abordado esse assunto anteriormente, com o pesado Requiem para um Sonho / Requiem for a Dream, um filme no qual a busca pelo prazer ilimitado (no caso, das drogas) leva à destruição. A diferença é que em Fonte da Vida ele vai além e opta por construir uma história de amor quase espiritual, analisando a morte com base na fragilidade de nossa existência neste mundo. Uma análise que leva o espectador a entender a necessidade de haver um fim.
Sim, a vida é breve. Ela é imperfeita, cheia de equívocos, de injustiça e de dor. Mas cheia de amor. Esperança. Coisas pelas quais vale a pena viver... ou morrer. Porque o essencial (ainda que difícil, ainda que praticamente inconcebível) é aprender a aceitar. Não a morte, mas a própria vida. Aceitar que as coisas são como tem de ser. Fazer as pazes com isso e abraçar o fato de que a beleza da vida reside justamente na simplicidade de sua finitude.
